quinta-feira, 2 de maio de 2013

Amor - Clarice Lispector

Ana era uma dona de casa preocupada com seus afazeres rotineiros. Tinha marido, filhos e morava em uma boa casa. Um dia, Ana saiu para fazer compras para o jantar e, ao retornar para casa, já dentro de um bonde, foi surpreendida por um cego parado no ponto, que mascava chicletes com muita naturalidade. Isso a despertou para novas sensações e sentimentos.
Quando o bonde voltou a andar, Ana deixa cair, o pesado saco de tricô.  A rede de tricô desprende-se de suas mãos quebrando os ovos. A fragilidade dos ovos ao chocar-se com o chão do bonde transcende a sua própria. O medo fez-se presente nela por significar a queda um momento de desarrumação. Passageiros recolheram o que ficou espalhado, depois seguiram viagem. A distração era tão grande, que Ana acabou perdendo o ponto que a faria retornar para casa, por isso, desceu próximo ao Jardim Botânico. Ficou toda a tarde observando cada detalhe do local, pássaros, insetos, folhas, flores, terra e vento. Em certo momento, lembrou-se dos filhos, do marido e do jantar, o que a fez correr.
Assim que chegou, também passou a ver o filho, o marido e a própria casa de maneira diferente, parecia que o amor por todos havia aumentado. Jantaram com amigos e crianças. Depois, Ana e o marido foram dormir.
Clarice Lispector (1920 - 1977)
Confira o conto aqui

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